Milton Carlos – Biografia

Em outubro de 2006 completou-se 30 anos que meu único irmão e parceiro Milton Carlos saiu de casa de manhã, ficando de voltar à noite pra gente sair pra jantar e nunca mais voltou. A última noticia que tivemos dele foi por um guarda rodoviário avisando do acidente ocorrido em que ele fatalmente nos deixou. No auge do sucesso, em vias de se casar com uma jovem por quem era irremediavelmente apaixonado, bom filho, bom amigo (o melhor que eu poderia ter), cheio de talento e amor pela vida, se dizia realizado. Desde criança, seu sonho era a música. Desde seus oito anos, quando ganhou seu primeiro violão.


Milton Taciano Fantucci Filho nasceu em São Paulo no bairro de Vila Mariana, dia 13 de novembro de 1954. Era bisneto e neto de maestros-compositores – Seu bisavô Eduardo Bourdot é autor de vários hinos paulistas, como o hino da cidade de São Vicente, por exemplo – e sempre buscou a música como sua maior forma de expressão.

Aos oito anos de idade já estudava violão, se apresentava em programas infantis, como o “Clube Papai Noel” e na adolescência, participava de programas de calouros começando a compor suas primeiras canções.

Participou, ganhou o primeiro prêmio no programa “Flavio Cavalcanti” e conseguiu sua chance de gravar seu primeiro disco, através do programa “E´proibido colocar cartazes” na então antiga rede Record.

Muitos foram os cantores que gravaram suas canções, enquanto ele fazia parte dos vocais de diversas gravações na época. Em 1972 fez a direção musical da peça “O casamento de Figaro” e sempre dizia que se não fosse músico, seria ator. Até que por meio de um amigo em comum, ele enviou uma canção para Roberto Carlos – Amigos, amigos.

A gravação dessa canção despertou o interesse da editora /gravadora RCA , que lhe propôs um contrato para seu primeiro LP – Samba Quadrado.

A música título conseguiu uma repercussão inesperada por todo o território nacional e lhe propuseram um contrato ainda mais extenso, com o lançamento de mais um LP – Largo do Boticário.

Com a agenda repleta de shows e compromissos musicais, Milton gravou mais vezes com Roberto Carlos – Jogo de damas, Elas por Elas, Um jeito estúpido de amar, Pelo Avesso – e suas composições, gravadas também pelos mais diversos intérpretes, se tornavam praticamente sinônimos de sucesso e reconhecimento popular.

No auge de sua carreira – em outubro de 1976 – sofreu um acidente de carro próximo a cidade de Jundiaí, no estado de São Paulo, finalizando uma carreira que estava apenas começando.

Em 1978, a antiga RCA lançou mais um LP – Inédito – com canções que tinham sido previamente gravadas. Seu trabalho reeditado em CD – 1993 – faz parte da série Acervo,- BMG ARIOLA/ RCA – uma copilação dos seus sucessos, pela mesma gravadora.

Em 2003 aconteceu mais um lançamento – Milton Carlos Romântico – que reúne uma parte das suas tantas canções, dentro desse gênero.

Sua obra, apesar de eclética, se diferencia pela referência aos velhos tempos, onde sempre está presente uma homenagem aos antigos artistas, lugares históricos e comportamentos de época. O romantismo é a palavra chave, aliado ao bom humor, uma constante tanto em seu trabalho como em sua vida pessoal.

Eu, como sua parceira, sua amiga, confidente e sua irmã, espero ter cumprido minha parte no acordo, quando um dia, ainda jovens, prometemos dar o melhor de nós mesmos pela nossa parceria, pela nossa música. Porque mesmo que ele tenha partido, ainda estou aqui pra contar sua história, que é também minha, que é nossa, que é de todos aqueles que o amaram.

3 comentários

  1. Maurício Pais disse:

    Prezada, primeiramente, parabéns pela sensibilidade e veia poética. Eu havia lido em um site que não recordo no momento, que a canção Outra vez havia sido composta como uma homenagem ao seu irmão. Entretanto, ao ler o livro “Roberto Carlos em Detalhes”, o autor informa que, na verdade, a música foi inspirada em um romance do passado,citando inclusive o nome da pessoa. A forma como ele relata no livro dá a entender que tal informação foi repassada por você. Qual das versões está correta?

    • isolda disse:

      Oi Mauricio, obrigada pelas suas palavras. Esse livro a que você se refere teve razões para ser interditado. Eu não conheço o autor, nunca fui entrevistada por ele, aliás, nem eu nem as pessoas comentadas por ele. A musica em questão, foi composta por mim, exatamente seis meses depois que perdi meu único irmão, parceiro e melhor amigo, no mesmo ano em que me separei do meu primeiro marido, pai dos meus filhos. Não teria nem lógica, compor uma canção para um amor do passado, sendo que eu estava vivendo na época um momento bastante triste emocionalmente, não acha? Eu acho que esse autor, tem bastante imaginação, o suficiente para criar ficções sem precisar incomodar os personagens vivos com suas historias reais. Vc tem toda a razão, pra saber a versão correta, é preciso falar diretamente com os envolvidos no assunto, não é? Seja bem vindo ao site. Um beijo Isolda

      • Maurício Pais disse:

        Agradeço profundamente pelo pronto atendimento. Eu sou do tipo que se encontro, no mínimo, uma falha com intenção duvidosa em uma obra, paro imediatamente em forma de protesto, passando, inclusive, a combatê-la! Adianto que a leitura do citado livro estava causando um bem estar tamanho. Estava deslumbrado com a narrativa, a forma de como as canções foram compostas, da luta do biografado a chegar a ser o que é hoje e a cada parada eu me perguntava: “Puxa, se alguém ainda tinha dúvida sobre a luta do Roberto para chegar aonde chegou e sobre o que ele representa para a nossa música, este livro, decerto, será o responsável por dissipá-las. Por que será que o Roberto o interditou?” Mas agora após conhecer a sua verdade dos fatos, a pergunta que faço é outra: “Se ele usou de má fé em relação a sua canção, como poderei acreditar nas histórias das demais canções reveladas por ele? Diante de tais fatos, resta-me, tão somente, desprezar tal leitura e acrescer a lista dos que se manifestam contrários a estes tipos de exploradores. Mais uma vez antecipo os meus sinceros agradecimentos e revelo que somente conheci o trabalho do Milton na década de 80 quando, na casa de um irmão, deparei-me com o LP Samba Quadrado. Escutei todas as canções sem interrupção e fui acometido de um misto de paz e alegria pelo trio: letra, melodia e voz! E agora após ler seu comentário que o mesmo era vidrado nas coisas do passado é que compreendi a minha identificação imediata com suas canções, pois sou um saudosista nato e as canções “Memórias do Café Nice” e “Largo do Boticário” mexem com o meu emocional de uma maneira inexplicável. Evidentemente tenho seus LP’s e cd’s originais, além do seu, é claro. Só mais uma coisa: Não existe nenhuma gravação em vídeo dele disponível? Já pesquisei por toda a net e até o momento não encontrei nada, apesar de que muitos testemunharam que ele se apresentava muito no programa do Flávio Cavalcante. É isso aí. Grande abraço e sucesso eterno!

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