MÃES E FILHOS
Há muito tempo, eu assisti um comercial em que uma mulher passeava por sua casa, olhando os quartos vazios, lembrando dos seus filhos, como um animal fêmea, procurando por seus filhotes. Talvez seja por isso que eu nunca tenha desejado ter uma cachorra.É muito triste ver uma cachorra procurando por seus filhotes que são separados dela, um a um, pra serem doados ou vendidos. E ela procura e chora, chora e procura, por dias e noites até se acostumar com a realidade. No mundo dos humanos o quadro é o mesmo e por menos que se queira pensar nesse assunto, esse dia chega pra todas as mães. É inevitável.
Então a gente olha pra aqueles quartos, antes ocupados pelas crianças e quase chega a ouvir de novo o antigo barulho, os choros, as inquietações, os risos, as brigas, as festas e a gente se pergunta; como foi que o tempo passou tão depressa assim? Por que a gente não percebeu que estava passando? Quando foi que as crianças deixaram de ser crianças? E assim como elas que choravam quando bebês, dá uma vontade louca de chorar também, mas por não poder repartir com elas essa experiência, de contar que um dia elas também passarão por essa mesma situação, que não queiram prender o tempo com as mãos porque é inútil, ele não se deixa prender. É o ciclo da vida. Nascer, crescer, morrer e tudo em muito pouco tempo.
Ainda não sei, se vale a pena sofrer um pouquinho todos os dias por eles, em troca desses risos, desses beijos, desse amor ou passar a vida sem saber o que é isso, mas também não sofrer a perda, a distancia, o outro lado da moeda. A vida nos cobra tudo. Desde as dores (ou o processo cirúrgico) em troca de um filho, até as dores emocionais, quando eles se vão. Eu sei que cada mãe é única, pensa de um jeito, sente de uma maneira, mas eu duvido que esse sentimento de perda não seja geral. Por que, somos sempre nós, mulheres, que temos que optar pela felicidade com dor ou a ausência da dor se abrirmos mão da felicidade?
2 comentários
Nobre colega Isolda,
O tema é para se refletir. A felicidade neste caso apenas mudou de lugar. O vazio que ficou um dia voltará a ser preenchido em dobro (com netos), mesmo que por um tempo bem menor. O bom é recordar o que tivemos e nunca o que nunca possuimos.
Um grande abraço
No fundo acho que é isso mesmo, mas que é barra…isso é.