JÁ OUVI ISSO ANTES…
Antes e depois que escrevi o livro “Você também faz músicas?” recebi e-mails de compositores me perguntando o que fazer caso sua canção seja plagiada. Existem vários procedimentos, inclusive o de encaminhar o caso para a justiça, entretanto e particularmente, eu mesma nunca tomei nem tomarei esse caminho. A bem da verdade; me envaidece. Juro. Já fui plagiada por pequenos e grandes autores (chiquérrimo, hein?) e algumas vezes tão descaradamente, que me fez rir (e não é que a tal da canção genérica estourou, de novo?).
Ser copiada, plagiada, imitada, significa: Adoraram meu trabalho, a tal ponto que copiaram. Só não gosto quando atribuem a mim o que eu não fiz e descobri que não sou a única que pensa assim.
Leiam esse texto do grande Carlos Heitor Cony
HISTÓRIAS DE PLÁGIO – Carlos Heitor Cony (é dele mesmo)
Ainda não me dei ao respeito de ler a biografia do Paulo Coelho escrita pelo sempre competente Fernando Morais. Amigos que a leram me informam, alarmados, que o mago, em início de carreira, plagiou uma crônica minha para se habilitar ao emprego num jornal do Nordeste. Nada tenho contra. Lamento apenas a falta de gosto ou de informação do Paulo. Bem que poderia ter escolhido autor mais importante.Sou amigo dos dois, do biógrafo e do biografado. Lerei o livro com a unção que eles merecem. Quanto ao plágio, se verdadeiro for, é um acidente de percurso na carreira dele e na minha. Nada grave que dê para me chatear.Chato mesmo é ler na internet textos meus assinados por outros. E, pior ainda, é ler textos de outros assinados por mim. Tive há tempos uma experiência que me chateou. Estava em Paris, cobrindo a Copa do Mundo de 98, quando soube que um colunista aqui do Rio assinara duas crônicas minhas como suas. Descoberto o plágio, não por mim, mas pela Folha, o jornalista foi demitido do “JB”, certamente por um motivo justo: deveria ter escolhido um autor mais ilustre para copiar.Mesmo assim -como disse- fiquei chateado por causa da demissão do colega. Quando tomei conhecimento do fato, a nossa seleção enfrentava um compromisso fora de Paris, acho que em Nantes ou em Marselha. Eu estava sem condições de interferir junto à direção do “JB” no sentido de impedir a dispensa do seu profissional.Lembro agora que o Fernando Morais me telefonou, há tempos, perguntando se sabia do plágio do Paulo Coelho. Lógico que não sabia. E, mesmo se soubesse, dava-lhe a minha bênção e aprovação. Gosto dele, é um gentleman, o sucesso internacional não o modificou, é um garoto que muito sofreu e ainda acredita no maravilhoso.
Carlos Heitor Cony (é dele mesmo)