DIA 9 DE JULHO – FERIADO PAULISTA
Com o golpe militar que deportou D, Pedro II em 15 de novembro de 1889, o Brasil se tornou uma República Federativa. Houve a adesão de antigos monarquistas ao sistema republicano de governo e o poder estava nas mãos dos grandes proprietários.
Durante a segunda metade do século XIX, São Paulo não somente enriqueceu devido à expansão cafeeira, como também adotou modelos mais liberais em relação a outras províncias se tornando o maior poder brasileiro. Na época, as mulheres não tinham direito ao voto, esse direito estava também condicionado à pessoa ter determinada renda, e saber ler e escrever.
Como era muito baixo o grau de instrução do povo, só uma minoria podia votar e o processo eleitoral não assegurava a liberdade de escolha, principalmente pelo fato do voto ainda não ser secreto. As eleições eram manipuladas pela aristocracia, que através do “coronelismo” impunham sua vontade à população.
Portanto, essa república – conhecida como Republica Velha – continuava as mesmas práticas centralizadoras do Império, através da política dos governadores dos estados, que controlavam, de um lado, o poder local através dos coronéis, e, de outro, davam sustentação aos presidentes.
Nesse meio tempo, o café começou a sofrer prejuízos e contrair dividas. O presidente – eleito em 1898 – Campos Sales, paulista, buscou parceria com Minas Gerais – porque possuía 37 deputados federais e era a maior bancada da Assembléia, devido a sua população – e o governador de Minas aceitou o pacto com São Paulo. Para Minas Gerais, o apoio a São Paulo garantia a nomeação dos membros da elite mineira para cargos na área federal e verbas para obras públicas, como a construção de ferrovias. Era a política do “café-com-leite”. Assim, a cada quatro anos, ou um paulista ou um mineiro tornava-se presidente da República.
Em 1929 lideranças de São Paulo romperam a aliança com os mineiros e indicaram o paulista Julio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação, o governador de Minas apoiou a candidatura oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas. Então, disputaram o cargo, o paulista Júlio Prestes e o gaúcho Getúlio Vargas.
Prestes ganhou, mas Vargas tomou o poder.
O governo provisório de Getúlio prometeu uma nova constituição, mas nada ocorreu no primeiro ano e em São Paulo, a resistência ao governo era cada vez maior. O movimento se ampliou depois que quatro manifestantes foram mortos por policiais durante um protesto pró-constituição no dia 23 de maio – nome também de uma grande Avenida em São Paulo -.
No dia 9 de julho, o ex-candidato Júlio Prestes, com apoio do interventor de São Paulo – Pedro de Toledo – deu o estopim para a revolução. O Estado se mobilizou, milhares de pessoas tornaram-se voluntárias, São Paulo tinha 40 mil soldados, divididos em três frentes principais de combate: as fronteiras com o sul de Minas Gerais, o norte do Paraná e o Vale do Paraíba. A desigualdade entre as tropas constitucionalistas e as getulistas era grande. O governo federal fez uma campanha contra o movimento difundindo a ideia de que São Paulo queria se separar do Brasil, o que ajudou a angariar voluntários.
Em 1933, foram eleitos os representantes da Assembléia Constituinte, pela primeira vez, com voto feminino. Em julho de 1934, ela foi promulgada. As novidades foram, entre outras:
1 – A ampliação do princípio da igualdade perante a lei, independente de cor, sexo, idade ou classe social; 2 – voto secreto e obrigatório para todos os maiores de 18 anos; criação da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral
3- nacionalização das riquezas de solo e fontes d água
4 – proibição do trabalho infantil
5- criação da jornada de trabalho de oito horas diárias, do descanso semanal remunerado, das férias de 30 dias e da indenização para o trabalhador demitido
6- regulamentação dos sindicatos
A Constituição de 1934 durou cerca de três anos apenas, com o menor tempo de vigência no Brasil até hoje. Em 1937, alegando problemas de segurança nacional, Getúlio Vargas instala o chamado Estado Novo – Ditadura -, perseguindo inimigos políticos e abolindo as eleições, por exemplo. A nova Constituição realmente, só seria promulgada depois da saída de Getúlio e o estabelecimento de um novo governo, presidido por Eurico Gaspar Dutra.
Em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito. Seus últimos dias de governo foram marcados por forte pressão política por parte da imprensa e dos militares. A situação econômica do país gerava muito descontentamento entre a população. Em sua carta testamento ele escreveu: “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.
Portanto, dia 9 de julho ficou marcada como a data que gerou uma nova Constituição, apesar de tardia e à custa de uma revolução com mais de 600 mortes paulistas e só se tornou feriado em 1997, por determinação do então governador de São Paulo, Mário Covas.
2 comentários
Puxa, Isolda. Que beleza de post, educativo mesmo. … e a massa ainda acha que compositores de Primeira Grandeza igual a você são seres distantes dessas coisas, não? Pois taí a prova contrária.
Isolda, cultura é bom e não ocupa espaço. Particularmente acredito que sem leitura NADA FEITO de progresso para nosso povo, e por isso, desde o dia 27 de junho até 27 deste julho estou, todo santo dia, fazendo uma pequena homenagem a Guimarães Rosa lá no bloguinho. Parabéns. MUITA LUZ PRA VOCÊ! beijão
Oi Balestra,
Legal que vc gostou. Muita gente não sabia mesmo, o porque desse feriado, que a gente estudou no colégio, etc, mas com o tempo esqueceu. Política é uma coisa, às vezes, bastante complicada.Um eterno jôgo de interesses. Mas,bem ou mal é a nossa história.
Parabens pela sua homenagem ao Guimarães Rosa! Muita Luz pra vc tambem. bjs