NINGUEM É UMA MONTANHA

NINGUEM É UMA MONTANHA

“Todas as pessoas que não fazem barulho são perigosas” (La Fontaine)
Pode parecer ridículo, mas eu sou do tipo que chora até em propaganda de margarina. Meus amores viram paixão da noite pro dia. Daí faço musicas, conto e reconto a mesma historia, até me cansar…
Sou uma apaixonada, que briga, chora, arrebenta, pede perdão, ri á toa e ama sempre, cada vez mais. É isso que dá ser totalmente comandada pelo coração e talvez seja mesmo por isso que não consigo entender direito “as pessoas beges”, neutras, que ficam imobilizadas diante de sentimentos. Ficam mesmo?
Estive lendo sobre isso e o fato é que:
Todos nós, sem exceção vivemos intensamente nossos momentos. Uns exteriorizam, outros guardam, acumulam, dissimulam. Até o momento em que explodem os cacos de emoções não reveladas. Porque pra toda pressão existe uma válvula de escape e no caso dessas pessoas, essa válvula aguarda o momento oportuno, até  quando finalmente é pressionada  e deixa escapar um turbilhão de sentimentos e atitudes armazenadas, bem maiores do que as minhas, as suas, as da maioria. Um tsunami!
Talvez seja por isso que seu grau de agressividade é acima do normal, seus rancores têm raízes e seu sentimento de compaixão é inexistente, assim como o perdão e o amor.
Dentro do perfil de um serial killer, por exemplo, encontramos a dissimulação, o silencio fatal, ingrediente obrigatório. Sua válvula de escape é o assassinato. Em nenhum momento ele para pra pensar o que o outro pode estar sentindo. No seu mundo só existem os desejos dele. Nada mais. Por isso jamais se arrependem, não se acham culpados.
Em escalas menores, outros exemplos, menos patológicos, não são muito diferentes em relação à fraternidade ou a solidariedade. Podem até não ser tão perigosos, mas estão no mesmo barco.
No geral, por traz de um sorriso frio e um comportamento excessivamente padrão, existe um desconhecido. E vindo dele, tudo pode ser possível. Só não é possível a sinceridade.
Um dissimulador traz com ele a competência para mentir, falsear, roubar e até trair o seu melhor amigo.  Sua própria lei é tudo o que importa, mais nada. Ele é capaz de qualquer coisa por ele mesmo. Não existe culpa. Essa fica para os que choram, riem, amam apaixonadamente e se deixam tocar pelo sopro da vida. Não eles. Normalmente eles se colocam intocáveis. Quem sabe no fundo, seu estoque de culpas, seja maior do que o que revelam a si mesmos?
Trocando em miúdos, continuo me emocionando em filmes de Meg Ryan e preferindo seres humanos com defeitos estampados no rosto. Nada como um mar bravio, uma tempestade e depois um arco íris. Bem vindas as paixões, façam elas rir ou chorar, mas que se mostrem, que sejam. Com todos os erros e acertos comuns aos seres humanos; legíveis, legitimas, doloridas ou não.
 
Mas acima de tudo, que façam barulho.

2 comentários

  1. Anonymous disse:

    Isolda, você descreve a intensidade do “Ser de verdade”. Quem chora até em propaganda de margarina também tem a capacidade de entender a lágrima de alguém, mesmo que para muitos o motivo parecesse fútil. Pessoas intensas sofrem mais, mas jamais serão vazias…

    Cida Lisboa

  2. Isolda disse:

    Oi Cida,
    Obrigada por mais essa visita. Eu penso que a vida só vale a pena, se for vivida em sua plenitude. Se essa plenitude inclui algumas lágrimas, faz parte,não é? Sempre vai haver o dia seguinte. Bjs

Deixe uma resposta